É incrível como a opinião de duas pessoas pode ser tão oposta. Pierre Lévy e Jean Baudrillard oferecem um belo exemplo disso. O tema é comunicação virtual, e as visões são completamente contrárias. Tal fato me dá uma única opção: adotar um dos lados como a definição do correto. Pois que assim seja, voto em Levy.
Pessimista, Baudrillard afirma que “a comunicação virtual é o fim da era da comunicação”. Ora, como pode essa afirmação ser coerente, se o próprio termo em questão adota a palavra “comunicação”?
Levy analisa a situação de outra forma, dizendo que “a virtualização é a criação de novos sentidos; ela é uma característica da própria comunicação”. Ponto para ele. Se a virtualização representa o fim da era da comunicação, como afirma Baudrillard, imagine quantas vezes o processo de evolução humana e tecnológica já recebeu esse tipo de acusação. Do surgimento de “pombos-correios”, passando pelo telegrama, impessão de jornais, telefones, rádios e TV’s, até chegar à Internet. Tudo faz parte de um processo de adaptação ao qual o ser humano precisa estar inserido. Caso contrário, ainda estaríamos na Idade da Pedra.
E digo mais: não me espantaria ao descobrir que a Internet é um mecanismo de comunicação que daqui a alguns anos estará “ultrapassada”; mas este é um assunto para o futuro. Na minha opinião, Levy faz a leitura correta com relação ao valor-notícia e a administração disso na comunicação virtual ao afirmar que “os sujeitos sociais não participam em igualdade de condições: há os que possuem o poder de definir socialmente o que deve ser considerado como informação”. Esse mecanismo ocorre desde a criação e definição de comunicação, e não é agora que vai parar, não é mesmo? Então que venha a virtualização e suas mutações para a evolução humana!
Por Mônica Parreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário