
O mundo experimenta um acelerado processo de mutação. Fato perceptível em escala universal, mesmo que, de maneira inversamente proporcional, poucos saibam teorizar essas mudanças. Elas afetam o mercado de trabalho, as relações sociais e de consumo, habitação, automóveis, moda, a territorialidade. Materializa, inclusive, questões que sempre pareceram pertinentes apenas à esfera da imaginação.
Hoje, já é possível olhar o mundo dos Jetsons com certa familiaridade. Por sinal, tão próximo à realidade que se vislumbra, que já paira a hipótese de que os carros voadores, trabalho automatizado, cidades suspensas, robôs integrados à família, comunicação tele-presencial, entre outros aparatos tecnológicos, se materializem em tão pouco tempo que a família que introduziu no imaginário coletivo esteja relegada a ares pré-históricos para as próximas gerações. Os Jetsons podem se tornar os Flinstones d
o futuro.


Resta saber se essa nova sociedade que se delineia em velocidade impressionante funcionará de maneira tão harmônica e eficiente quanto à retratada no desenho animado produzido por Hanna-Barbera entre os anos de 1962 e 1963. Alguns vislubram um mundo tão eficientes quanto o dos Jetsons. Outros, veem essas mudanças de maneira apocaliptíca. A resposta definitiva, no entanto, só virá com o tempo.
Os franceses Pierre Lévy e Jean Baudrillard são os principais expoentes dessa divergência teórica sobre esse mundo em construção. Com visões antagônica sobre esse mesmo fenômeno, Lévy apresenta um mundo onde há uma co-dependência entre virtual e atual, como ele prefere chamar a noção de realidade. Baudrillard, no entanto, avalia que virtual e real são energias opostas, que se repelem.
Os dois assumem posições tão opostas que o sociólogo Cláudio Novaes Pinto Coelho chega a afirmar que "se Baudrillard é o profeta do fim, Lévy é o profeta do futuro, do que ainda não existe (...). Lévy não pensa o virtual num confronto direto com o real: estabelece relações entre o virtual e o atual. O virtual é a concretização da capacidade criativa presente no virtual. O real é a concretização do que já é possível. Baudrillard afirma a existência de um processo de esvaziamento do real, substituído pelo virtual (mundo artificial criado pela tecnologia digital)."
Por respeito a uma das boas lembranças da minha infância, prefiro acreditar nas teses futuristas de Pierre Lévy. Tomara que, se ele estiver certo, minha casa funcione a partir da eficiência de Rose e a eu me torne uma versão melhorada de Judy Jetson. Por enquanto, da vida dos Jetsons, só dispenso a chefia do Sr. Spacely.
Nenhum comentário:
Postar um comentário