Clenon Ferreira
Ao desenvolver os estudos sobre comunicação virtual, os pensadores franceses Pierre Lévy e Jean Baudrillard argumentam sobre as conseqüências sociais dentro da virtualização comunicacional e da própria cultura. Pierre Lévy diz que a comunicação virtual é um elemento que abrange toda a vida social. É certo que o estudioso da nova mídia usa termos técnicos, enquanto Baudrillard estuda mais os efeitos sociais do virtual, e afirma: “Quando tudo é social, súbito nada mais o é.”
De certa forma, Pierre Lévy é positivista. Ele interpreta o virtual como uma nova forma de se fazer comunicação e linguagem. Seria um mecanismo de criatividade, como um momento de mutação da linguagem, da comunicação e do próprio homem. O indivíduo se adapta ao virtual: o olho, as mãos, o intelecto e até mesmo nas relações humanas. Ele diz: “O crescimento do cyberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas propõem.”
Já o filósofo Baudrillard vê a virtualização como o fim da comunicação, um elemento da implosão do social. Ele explora o termo comunicação do espetáculo ao afirmar que o homem é incapaz de viver experiências reais, aonde tudo se vive de forma virtual. Baudrillard estabelece a ruptura do real pelo virtual. No processo da comunicação, o virtual leva a autodestruição. E termina: “A era da comunicação virtual é o fim da era da comunicação”.
Sou mais Pierre Lévy. Mesmo que as teorias de Baudrillard tenham cunho social antropológico, Lévy disserta sobre a realidade do cyberespaço e a necessidade de mudanças na comunicação da mídia tradicional. Cria-se uma nova linguagem para o acompanhamento da metamorfose social. Com o processo da Terceira Revolução Industrial, a chamada Revolução Técnico-Científico Informacional, novos paradigmas foram criados para acompanhar a globalização. O homem muda e se adapta ao cyberespaço. Novas formas comunicativas de interatividade formam uma geração de homens conectados ao mundo, novas relações e contatos sociais. Surgem novos conhecimentos teóricos e técnicos e uma cultura expansionista. Os exemplos das mudanças já começaram a aparecer: Wikileaks, revoluções sociais que começam na internet e colocam abaixo ditaduras militares, denúncias, informação direcionada, interatividade, não monopolização das mídias clássicas, o poder da voz, da imagem, do som, tudo num conjunto que resulta o cyberespaço. Pierre Lévy afirma: “As telecomunicações são possibilidades de contato amigável, de transações contratuais, de transmissões de saber, de trocas de conhecimentos, de descoberta pacífica das diferenças.”
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